SÃO PAULO - O número de desempregados nos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo aumentou em 154 mil, de fevereiro para março, elevando o número de contingente para 1,551 milhão. O resultado supera em 11% o registrado no mês anterior e é o maior desde 1985, quando começou a ser feita a Pesquisa do Emprego e Desemprego (PED), realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos (Dieese) e Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).
Ao mesmo tempo em que foram eliminadas 93 mil vagas, 61 mil pessoas ingressaram no mercado de trabalho. Os maiores cortes foram constatados na cidade de São Paulo e na região do ABC Paulista. Dentre os setores, o comércio foi o que mais contribuiu para a queda da taxa de desemprego, com um recuo de 7,6% referente à redução de 112 mil postos de trabalho. Já a indústria e o segmento de serviços mantiveram a estabilidade e outros setores (construção civil e empregos domésticos) criaram 15 mil vagas.
O resultado foi avaliado como “preocupante” pelo coordenador da pesquisa pelo Seade, Alexandre Loloian. Ele lembrou que, normalmente, o primeiro trimestre do ano é marcado pela redução na oferta de vagas, mas que está surpreso com a intensidade do ajuste verificado neste ano.
De acordo com ele, só nos meses de janeiro, fevereiro e março, foram fechados 409 mil postos de trabalho, o que considera desproporcional ao tamanho dos efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira. Isso, tomando por base o fato de o país ter uma situação mais favorável em relação às demais economias do mundo.
“O Brasil não tem uma situação tão grave quanto à dos países que ocupam o epicentro dessa crise, onde houve endividamento e desvalorização dos ativos, aqui não temos essas condições”, argumentou. Assim, Loloian acredita que mesmo tendo sido forte o ajuste nesse primeiro trimestre , nos meses subseqüentes pode ocorrer uma melhoria do quadro.
Ele observou ainda que, embora o desemprego tenha crescido, não se pode desconsiderar a recuperação ocorrida nos últimos anos, porque o país saiu de contingente de 2 milhões de desempregados, em 2004, para 1,5 milhão, em março deste ano.
Para o economista, as medidas tomadas pelo governo federal para estimular o consumo como a redução do Imposto sobre o Produto Industrializado (IPI) para a indústria automobilística foram “positivas”, porém com efeitos pontuais e insuficientes para neutralizar as dispensas realizadas por outros setores". A produção na indústria, embora ainda abaixo do ano passado, voltou a crescer depois do desastre observado em dezembro, em que houve queda de mais de 40% no nível de produção e, agora está crescendo”.
Ele pondera, no entanto, que os incentivos para estimular outros segmentos a exemplo da indústria da linha branca (fogões, geladeiras, máquinas de lavar, etc) são medidas temporárias e que existe o risco de terminado esses prazos, o quadro volte a piorar. Ele defende a retomada dos investimentos tanto públicoa quanto privadoa para que a oferta de emprego volte a crescer de forma plena.
www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=8&id_noticia=283306
Nenhum comentário:
Postar um comentário