Um clima de mal-estar cerca os brasileiros que vivem na Suíça. Depois da reviravolta provocada pelos exames da polícia que questionam a versão contada pela pernambucana Paula Oliveira, a sensação geral mistura perplexidade, constrangimento e temor de que a imagem do país fique arranhada.
Poucos lembram a última vez em que uma história envolvendo o Brasil teve tanto destaque. Nos primeiros dias, a cobertura foi modesta. Só ganhou as manchetes pela repercussão no Brasil, que incluiu comentários do presidente Lula.
Para Irene Zwetsch, porta-voz do Conselho Brasileiro na Suíça, seja qual for o desfecho, o caso Paula "ficará marcado" por muitos anos. Ela diz ter recebido reações "de A a Z", desde as de constrangimento até as de desconfiança em relação às conclusões da polícia.
Para ela, que mora há 11 anos em Berna com o marido e os dois filhos, o destaque e o julgamento precipitado da imprensa no Brasil sobre o caso refletem diferenças culturais e de temperamento. "A imprensa no Brasil é impulsiva, emotiva", diz Irene, que trabalha como tradutora. "Na Suíça eles são mais cautelosos, até por medo de processos".
A imprensa suíça tem se referido à brasileira como Paula O., e distorcido o seu rosto nas fotos que publica. Com a mudança no curso das investigações, a mídia e o governo brasileiros viraram alvo de duras críticas.
"Como a imprensa brasileira tirou conclusões antes de saber o outro lado?", questionou à Folha o repórter Thomas Möckli, do jornal "Der Lanbote". "A credibilidade dela ficou abalada com o exame da polícia, e a da imprensa brasileira também".
Agora, muitos brasileiros que vivem na Suíça temem sofrer as consequências. "Claro que há racismo aqui", diz uma cearense que, com o namorado, comprava flores no aeroporto de Zurique. Em situação ilegal, não divulgaram o nome. "Isso só vai piorar o preconceito".
Nilce Cunha, do Centro Brasileiro de Ação Cultural (Cebrac), em Zurique, conta que, após o choque inicial e a solidariedade dos brasileiros a Paula, todos estão confusos. "O momento é de dúvida", diz ela, que conheceu Paula do Cebrac, e a descreve como "uma pessoa normal". "Podia ser sua irmã, ou sua vizinha".
Não há dados oficiais sobre o total de brasileiros na Suíça. A embaixada calcula em 60 mil, dois terços em situação ilegal.
As informações são da Folha Online.
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