sexta-feira, 4 de julho de 2008

Depois de contradição, Obama reafirma oposição à Guerra no Iraque





Depois de contradição, Obama reafirma oposição à Guerra no Iraque


colaboração para a Folha Online

Diante de intensas críticas republicanas, o provável candidato democrata Barack Obama convocou uma nova coletiva de imprensa para corrigir suas declarações sobre a Guerra no Iraque.

"Creio que não fui suficientemente claro. Deixe-me ser o mais claro possível", disse Obama nesta quinta-feira à noite aos jornalistas, depois de vários questionamentos sobre sua declaração, feita poucas horas antes, de que poderia rever sua posição sobre o conflito após sua viagem marcada ao Iraque.

"Pretendo pôr fim a esta guerra. No primeiro dia da Presidência convocarei os chefes militares e lhes darei uma nova missão, pôr um fim a esta guerra", disse Obama, voltando ao seu argumento inicial contrário ao conflito.

Embora não seja mais a principal preocupação dos norte-americanos --diversas pesquisas mostram que a economia está no topo das preocupações dos eleitores--, a Guerra do Iraque é fundamental na campanha presidencial deste ano por ser um dos temas de maior diferenciação entre Obama e seu rival republicano John McCain --que defende o sucesso do conflito e não quer a retirada imediata das tropas.

"Minha posição é a mesma de quatro meses atrás, a mesma que doze meses atrás", disse Obama. "Também disse que seremos muito cuidadosos sobre como sairemos, que traremos as tropas de volta em um ritmo de uma ou duas brigadas por mês, o que garante a volta de nossas tropas de combate em 16 meses", completou.

Uma das principais críticas republicanas é que se as tropas forem retiradas do Iraque, o país perderá o conflito para os grupos extremistas. Segundo McCain, a retirada "irresponsável" causaria na região o "caos e genocídio". O senador republicano já foi criticado inclusive por afirmar que manteria as tropas de manutenção no país por mais cem anos.

"Sempre disse que escutarei aos chefes militares sobre a situação. Sempre disse que a decisão de retirar as tropas dependerá da segurança de nossas tropas e a necessidade de manter estabilidade", disse Obama, adotando um tom mais cauteloso sobre o tema.

Obama culpou ainda a equipe de campanha de McCain por criar uma polêmica desnecessária sobre suas declarações. "Creio que a campanha de McCain preparou o assunto com a imprensa para sugerir que de alguma maneira estávamos mudando nossa política quando não o fizemos", disse, na coletiva.

Mudança de opinião

Uma pesquisa CNN/Opinion Research Corp. divulgada nesta quinta-feira indicou que 61% dos eleitores apontaram que McCain mudou sua posição para angariar votos, contra 37% dos eleitores que não apontaram tal mudança. Já no caso de Obama, 59% indicaram uma mudança eleitoreira e outros 38% dizem que o senador manteve-se fiel à sua posição.

O cenário, como aponta reportagem da rede de televisão CNN, é mais um dos aspectos inéditos das eleições deste ano. Em 2004, quando o presidente George W; Bush conquistou a reeleição, apenas um terço dos eleitores diziam acreditar que ele mudaria sua agenda política por causa de novo cenário político no país.

A pesquisa foi conduzida entre 26 e 29 de junho e ouviu 906 eleitores. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

Depois de receber críticas de McCain afirmando que não poderia falsar do conflito sem ter estado no país, Obama planeja uma viagem ao Iraque na qual conversará com militares norte-americanos responsáveis pelas operações no país.

Contudo, alegando questões de segurança, sua equipe de campanha não revelou a data ou o itinerário da viagem, que incluiu ainda outros destinos na Europa e no Oriente Médio.



www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u419269.shtml

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